Por LUSA/RTP
O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, disse que o sistema de pagamentos das instituições financeiras do país está estabilizado, depois de problemas nas transações eletrónicas verificadas em “algumas situações específicas”.
“Não é nenhum segredo que tivemos indisponibilidade no sistema de algumas instituições de crédito, mas a boa notícia hoje é que o sistema está estabilizado, as transações estão a fluir normalmente”, afirmou Zandamela, durante a conferência de imprensa de anúncio das medidas tomadas pelo Comité de Política Monetária (CPM) do Banco de Moçambique, que se reuniu esta segunda-feira.
O governador do Banco de Moçambique afirmou que a comparação das transações entre finais de abril e finais de maio, que são os períodos de maior pico nas transações, mostra que as deficiências foram ultrapassadas.
“Vemos que, este mês, as transações estão a fluir normalmente, sem problemas, sem perturbações e é isso que se quer, um sistema seguro e cómodo para os utentes”, sublinhou.
Rogério Zandamela notou que as “falhas” afetaram alguns bancos, mas “o tamanho” das entidades atingidas transmitiu a sensação de um “´apagão` total”.
“Não se compara com 2018, quando tivemos ´apagão` total, ninguém ganha quando há uma indisponibilidade” do sistema de pagamentos, disse.
A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique denunciou, no início de maio, que as falhas da nova rede única de pagamentos eletrónicos estavam a provocar “perdas incalculáveis”, um “retrocesso” no sistema e a levar à informalidade da economia.
“A instabilidade do sistema de pagamentos de transações está tendo impactos negativos e significativos na economia e na confiança de usuários do sistema nacional financeiro. Há muitos prejuízos incalculáveis à economia”, disse então, em conferência de imprensa, em Maputo, o presidente do pelouro das Tecnologias de Informação e Comunicação e Serviços Financeiros da CTA, Paulo Oliveira.
Em causa estavam falhas nos levantamentos de dinheiro em máquinas ATM e nos pagamentos de serviços em máquinas POS, da nova plataforma da Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO), que começou a ser concretizada em 2023, instrumento único adotado pelo banco central moçambicano para operacionalizar as transações eletrónicas.
Sem especificar os valores, Paulo Oliveira afirmou que essas falhas estavam a causar “prejuízos bastante elevados, de milhares de meticais, e perdas financeiras incalculáveis” à economia, afetando setores como hotelaria, turismo e restauração, provocando a quebra nos negócios e levando à “improdutividade” da economia.
Segundo o responsável pelo pelouro de serviços financeiros da CTA, Miguel Jóia, na mesma conferência de imprensa, para além de criar “informalidade da economia”, face à necessidade de haver numerário a circular para fazer pagamentos – tendo em conta as recorrentes falhas do sistema -, o problema mina “todo o progresso que o banco central tem vindo a fazer no controlo da inflação”.
O setor privado entende que uma mudança de sistema “de grande magnitude” devia ser feita de forma cuidadosa, para permitir a realização de testes abrangentes e posterior funcionamento em larga escala.
O Banco de Moçambique anunciou em novembro que todos os bancos comerciais e instituições de moeda eletrónica do país concluíram a integração na nova rede única nacional de pagamentos eletrónicos, fornecida pela Euronet, cinco anos depois de um ‘apagão’ na anterior plataforma.