Por LUSA/RTP
As ligações aéreas interilhas em Cabo Verde deverão ter uma solução estável até final do ano, disse o primeiro-ministro do país na segunda-feira, numa entrevista de balanço de três anos do segundo mandato de governação.
“Até final do ano teremos a estabilização e desenvolvimento dos nossos transportes aéreos interilhas”, referiu Ulisses Correia e Silva, num encontro com órgãos de comunicação social no Mindelo, ilha de São Vicente, em que os recorrentes cancelamentos de voos encabeçaram as questões.
A companhia estatal Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV, voos internacionais) “assumiu temporariamente as operações interilhas e vamos criar uma empresa” com 100% de capitais públicos e “obrigação de serviço público devidamente compensado” para ilhas com menos movimento.
Os voos domésticos deverão contar com mais aviões, alguns ajustados às ilhas com menos passageiros, indicou.
Ulisses Correia e Silva referiu que o contexto atual permite ao Estado construir esta nova solução, porque a estatal TACV “está a ser recuperada, estabilizada pelas operações internacionais” e isso permite aplicar capitais públicos “numa solução estruturante de serviço interilhas”, que nos últimos anos tem estado concessionada a privados, mas sem sucesso.
Por outro lado, “o mercado turístico tem estado a aumentar”, fazendo crescer a procura por voos entre ilhas, o que pode até “criar condições para outra companhia poder operar, sem prejuízo de o capital público estar ali presente”.
A concessionária Bestfly cessou operações em abril após cancelamentos frequentes e a TACV, que só realizava voos internacionais, assumiu as ligações domésticas, ainda assim sujeitas a falhas por só dispor de dois aviões para o efeito.
Os transportes aéreos e marítimos interilhas “são áreas de soberania” onde não pode “haver falhas e descontinuidades”, referiu Ulisses Correia e Silva.
“Temos de ganhar escala, dimensão para ganhar tranquilidade e estabilidade, que é um aspeto crítico de Cabo Verde”, porque os transportes “mexem com a economia local, com mobilidade e o desejo natural de as pessoas poderem circular, a bom preço”, concluiu.