Por LUSA
O selecionador de Angola de futebol de Angola, Pedro Gonçalves, admitiu que a falta de recursos é uma das maiores dificuldades que enfrenta, assim como a gestão de expectativas num país “cheio de potência”.
“As principais dificuldades são mesmo estas de haver, no fundo, poucos recursos afetos à seleção e o cidadão comum, interpretando que Angola é um país cheio de potência e também de capacidade de recursos, não compreende muito bem como é que a sua seleção principal tem estas dificuldades”, assumiu à agência Lusa.
Pedro Gonçalves lembrou o momento “mais proeminente” da seleção angolana, a presença no Campeonato do Mundo de 2006, na Alemanha.
“Há bastantes (dificuldades financeiras), até porque Angola é um país com muita vitalidade e com muito poderio financeiro, mas que tem vindo a atravessar uma crise”, contou.
Uma crise que, no seu entender, se reflete “no futebol e na confiança que os angolanos refletem na sua seleção principal, nomeadamente as estruturas de apoio”.
“Nós sentimos muito isso, porque ficámos muito cortados de recursos necessários para a alta competição. Mas, felizmente, o trabalho, a resiliência, a persistência das ideias, a capacidade de superar dificuldades e tensões levou a que essa persistência, sobre o tempo, conseguisse dobrar o ‘cabo das tormentas'”, explicou.
Atualmente, continuou, “começa a haver um maior envolvimento, dotar a seleção nacional de mais recursos, nomeadamente o poder financeiro, que tem muita importância”.
“Porque nos permite um conjunto de recursos e de valias que o futebol profissional e de elite hoje em dia exige, mas é um panorama ainda muito distinto”, reconheceu.
O treinador português, em Angola há seis anos, acrescentou que isso também se reflete no futebol angolano, “mesmo o próprio campeonato interno, o Girabola, já teve uma dimensão maior” do que tem agora.
“Este diferencial de expectativas em função daquilo que é o nosso contexto (português) é a maior dificuldade”, assumiu Pedro Soares Gonçalves, à margem do Fórum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF).
Por outro lado, reconheceu que “Angola acaba por ser um país de oportunidades”, para apontar os desafios e alegrias com a oportunidade de lançar projetos e implementar novas ideias.
“Estamos ainda num período de crescimento, com umas etapas por conquistar, mas olhando para trás vemos que os clubes de sucesso vão ganhando solidez, vão ganhando estrutura, perspetivando que coisas boas estão para chegar”, disse.
No seu entender, há um “imenso potencial” em Angola, e “o jogador angolano é dotado de uma destreza motora inigualável, uma disponibilidade e uma alegria contagiante e isso faz parte, um bocadinho, do dia-a-dia” de trabalho, o de “encontrar um equilíbrio entre as exigências do profissionalismo e da demanda que é necessário para estar na elite do futebol”.
“Mas, ao mesmo tempo, encontrarmos um compromisso com a descontração, com a alegria e com o sentimento de diversão que, para um africano, tem de estar sempre presente”, revelou.
Pedro Gonçalves foi convidado para permanecer nos ‘Palancas Negras’, para “dar continuidade aos trabalhos, perspetivando o ciclo do Mundial2026”.
O Fórum da ANTF realiza-se em Viseu, cidade europeia do Desporto em 2024, e conta com a presença de cerca de 1.000 treinadores de futebol e futsal.