POR LUSA
A Polícia da República de Moçambique (PRM) disse hoje que o ativista detido no sábado por alegada incitação à violência afirmou que trabalha para uma Organização Não-Governamental (ONG) financiada pela Alemanha para “desestabilizar o país”.
“Tudo ocorreu no meio de um trabalho operativo onde o mesmo teria também afirmado que pertence a uma ONG financiada pelo Governo da Alemanha para desestabilizar o país, através de pronunciamentos violentos e que incitam à violência”, declarou Dércio Samuel, porta-voz do comando provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, no norte de Moçambique.
A Lusa pediu uma reação da Embaixada da Alemanha na capital moçambicana, mas não obteve ainda uma resposta.
Joaquim Pachoneia, ativista local da Associação Mentes Resilientes, foi detido no sábado, indiciado por suposta incitação à violência e insultos ao Presidente moçambicano e à polícia na cidade de Nampula.
“Para além de agitar os jovens a pautar pela violência, proferiu insultos de várias ordens contra a figura do chefe de Estado [Filipe Nyusi] e às lideranças da PRM. Num dos vídeos chegou a chamar os membros da PRM de cães de raça que não pensam e que só agem em cumprimento das ordens do seu dono”, declarou o porta-voz da polícia em Nampula.
A polícia moçambicana acusa ainda o jovem ativista de incitar as pessoas a agredirem e, com base métodos supersticiosos, amaldiçoarem os membros recentemente empossados nas assembleias municipais na sequência eleições de 11 de outubro, um pleito fortemente contestado pela oposição e sociedade civil.
“Assume-se que a liberdade de imprensa é um direito constitucional (…) Contudo, os pronunciamentos feitos pelo indiciado não visam o mesmo fim e ultrapassam os limites da liberdade de expressão, traduzindo-se em ofensas ao bom nome e honra de pessoas”, acrescentou o porta-voz da corporação.
No sábado, o presidente da Associação Mentes Resilientes disse à Lusa que o ativista, conhecido por Jota Pachoneia, foi levado de sua casa durante a madrugada por um grupo armado para um lugar incerto, uma versão contrariada pela polícia, que referiu que a sua detenção ocorreu no Aeroporto Internacional de Nampula.
Jota Pachoneia, 36 anos, é localmente um ativista conhecido pela sua abordagem crítica às autoridades, tendo, segundo a associação que pertence, se queixado de ameaças devido aos seus comentários nas redes sociais.