Por LUSA
A missão internacional SAMIM, da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), de apoio militar a Moçambique e contra o terrorismo, continua no terreno em Cabo Delgado, enquanto decorrem avaliações, disse hoje à Lusa fonte da organização.
“A missão da SADC em Moçambique (SAMIM) ainda está em vigor em Cabo Delgado, e mais informações só serão fornecidas após as avaliações em curso”, disse fonte oficial da organização, em resposta escrita a uma pergunta da Lusa.
A cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) aprovou em agosto a prorrogação da missão em Cabo Delgado, por 12 meses, até julho de 2024, prevendo um plano de retirada progressiva das forças dos oitos países da região que a integram.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência, que desde dezembro voltou a recrudescer com vários ataques à populações e forças armadas, levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
A mesma fonte oficial da SADC recordou que o mandato da SAMIM incluiu o apoio a Moçambique “no combate ao terrorismo e aos atos de extremismo violento” em Cabo Delgado, “neutralizando a ameaça terrorista e restaurando a segurança, a fim de criar um ambiente seguro, fortalecer e manter a paz e a segurança, restaurando a lei e a ordem nas áreas afetadas”.
“E apoiar a República de Moçambique, em colaboração com agências humanitárias, a continuar a prestar ajuda humanitária à população afetada por atividades terroristas, incluindo pessoas deslocadas internamente”, acrescentou.
A missão SAMIM compreende tropas de oito países contribuintes da SADC, nomeadamente Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Maláui, África do Sul, República Unida da Tanzânia e Zâmbia, “trabalhando em colaboração com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique e outras tropas destacadas para Cabo Delgado”.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu em 22 de novembro decisões sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em Cabo Delgado, nomeadamente com reservistas, tendo em conta a prevista retirada das forças estrangeiras que apoiam no terreno contra os grupos terroristas.
“Decisões concretas sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em relação à sua ação no combate ao terrorismo em Cabo Delgado no período após a retirada das forças amigas da SAMIM e do Ruanda”, apelou, ao intervir, em Maputo, na abertura do XXIV Conselho Coordenador do Ministério da Defesa Nacional.
“Para o efeito, a vossa reflexão deve igualmente avaliar a forma de melhor capitalizar o manancial de reservistas, empenhando-os direta ou indiretamente em várias missões em prol da defesa da soberania e integridade territorial do nosso país. E a realidade atual justifica”, acrescentou, dando como exemplo os antigos combatentes da luta de libertação, que ainda “são úteis, mesmo depois de 40 anos”.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.